ROAD TRIP MOTO BALCÃS E MAR NEGRO 2017

06-07-2017 22:00

 

 No final de 2016 e após uma viagem em Outubro a Marrocos em que a minha moto, apesar dos seus 20 anos teve um comportamento irrepreensível, iniciei o planeamento de uma viagem aos Balcãs, com três objetivos prioritários:

Ligar o Oceano Atlântico ao Mar negro e Adriático - Visitar Mostar - Testar a fiabilidade da minha velha monocilíndrica - Suzuki Freewind 650 .

O planeamento inicial contava com cerca de 8000 km, contudo, no final da viagem aconteceram mais 1200 km, sendo que nos primeiros 3 dias de viagem, até Postojna-Eslovénia, tive a companhia de um casal numa Super Tenere 1200, o restante percurso foi a solo.

 

PRIMEIRO DIA - MARCO DE CANAVESES / ANDORRA

Às 6h00 da manhã começou o primeiro dia da viagem,  para uma etapa de ligação que se adivinhava bastante dura, com cerca de 1100 km para travessia da Espanha e feita quase na totalidade em autoestrada. Com encontro combinado às 10h00 em Tordesilhas com o casal que viajou comigo até à Eslovénia,  um desentendimento quanto ao fuso horário levou a que eu tenha chegado às 10h00 portugueses e não espanholas.

Com as temperaturas altas e a longa etapa, as paragens foram sempre condicionadas, apenas para abastecer comprar agua e merendar o lanche que previamente havíamos preparado para esse dia, apenas interrompido por uma paragem mais longa a cerca de 100k de Andorra para lanchar.

A chegada a aconteceu já com o por do sol - cerca das 20h30, pelo que iniciamos a procura do hotel que previamente havíamos identificado e relativamente barato - 23,00 euros por pessoa com parqueamento da moto incluída. 

 www.youtube.com/watch?v=WjhqLTcVKSo

 

SEGUNDO DIA - ANDORRA / GAP

 Neste segundo dia os 600 km de ligação que estavam previstos não impediram a passagem pelo topo dos Pireneus e o almoço em Pas de la Casa.

A estrada de montanha com as suas curvas acentuadas revela uma paisagem fantástica e apesar de estarmos em junho nos permite vislumbrar alguma neve nos pontos mais altos.

Com a entrada em França a descida dos pireneus acompanha em grande parte a linha férrea de montanha e revela-nos Ax-les-Thermes, uma simpática localidade que serve de apoio à estância de esqui. A travessia do Parque natural de Baronnies entre Nyons e Gap foi feita já no final do dia, o que não prejudicou em nada a vista de uma paisagem deslumbrante, com grande parte do percurso a ser feito num canyon lado a lado com o rio.

Como não tínhamos feito marcação de hotel, a solução de recurso, já cerca das 22:00 foi altamente exagerado - um Ibis por 80,00€ cada quarto.

www.youtube.com/watch?v=WjhqLTcVKSo

 

TERCEIRO DIA - GAP / POSTOJNA

Na saída de GAP, optamos por fazer umas compras para o almoço, de forma a não perdermos muito tempo na travessia da Itália. 

Uma vez mais as paisagens e estradas de montanha Alpes revelaram-se magníficas. O restante percurso foi realizado praticamente em autoestrada e com um calor e o preço do combustível em Itália quase a fazer desfalecer.

Na fronteira com a Eslovénia, aproveitamos para jantar e comprar a vinheta para a autoestrada 7,00 € - o António comprou duas porque pensava que tinha perdido a primeira. Na chegada a  Postojna procuramos o hostel que eu havia identificado, uma escola que é também hostel e num local fantástico mesmo no centro da cidade.

É uma cidade bastante interessante para visitar, além das famosas grutas, existe também a cerca de 9 km o castelo, de Predjama, cuja sua construção é famosa por ser embutido na rocha. O alojamento foi no Youth Hostel Proteus Postojna, cama em dormitório por 16,00€.

www.youtube.com/watch?v=WjhqLTcVKSo

 

QUARTO DIA - POSTOJNA / MOSTAR

Este dia ficou marcado por
sucessivos contratempos. O percurso inicial teve de ser alterado, com o António e a Dulce a ficarem para trás por avaria da mota, foi hora de eu prosseguir sozinho o resto da viagem.

Havia decidido visitar Zagreb e seguir pelo interior em direção à Bulgária, contudo chegou a informação que a mota do António havia sido reparada, e como tínhamos perdido o dia, decidi alterar novamente os planos e encontrar-me com o António em Mostar ao final do dia.

Duas horas mais tarde, já a meio de caminho, surge a informação do António que afinal não vem. Prossigo sozinho.

A entrada na Bosnia já no inicio da noite foi bastante agradável, sem filas e com os guardas bastante simpáticos, no entanto com o dia no fim os últimos 30 quilómetros e os mais interessantes do dia tiveram de ser feitos de noite, o que não me permitiu apreciar a paisagem ao longo do rio.

Decido ficar dois dias em Mostar para não perder o dinheiro do hotel, uma vez que consegui alterar um dos quartos para o dia seguinte, apesar de um adicional de 10,00€, o que totalizou para as duas noites 75,00€.

www.youtube.com/watch?v=WjhqLTcVKSo

 

QUINTO DIA -MOSTAR

Aproveitei para visitar a cidade e descansar um pouco ao final do quarto dia de viagem já com 3000km acumulados. A cidade velha proporciona uma visita agradável. Localizada no vale do rio entre duas montanhas com os seus telhados pitorescos em pedra e com a famosa ponte destruída durante o conflito na Bósnia - Património da Unesco, que revela ainda muitas marcas da guerra principalmente nos edifícios.

Pretendia fotografar a ponte mítica, pois sabia que durante o dia alguns locais fazem saltos para o rio, ganhando assim algum dinheiro que os turistas desembolsam. Ao inicio da noite conseguem-se também fotos fantásticas.

Durante o jantar num restaurante com vista sobre a ponte, tive a sensação de estar num país muçulmano, quanto os altifalantes começaram a ecoar os sons do senhor que pregava os sermões em árabe. Terminado o repasto, desço para fotografar a ponte e tenho logo um encontro com um colega de trabalho que também viajava sozinho, mas de carro.

Apostados em fazer boas fotos, saltamos para um rochedo no meio do rio, acompanhados por um canídeo que nos adotou.

www.youtube.com/watch?v=WjhqLTcVKSo

 

SEXTO DIA - MOSTAR / CACAK

A saída da Bósnia Herzegovina e entrada na Servia foi uma surpresa agradável. Num percurso com cerca de 350 km, o primeiro grande momento acontece no parque natural sutjeska. Além de famoso pelas suas esculturas, a
beleza natural ao atravessarmos o desfiladeiro no interior de parque é indescritível. Após breves paragens para fotografar, aproveitei para almoçar numa esplanada junto às esculturas construídas em 1970 como memorial à Batalha
de Sutjeska.

Depois do almoço o dia começou a dar sinais de chuva, e ao chegar próximo de Gacko surgiu o diluvio, com uma paragem de emergência por baixo de um viaduto do caminho-de-ferro a revelar que havia deixado a mochila com a máquina fotográfica suplente e o meu lanche no local de almoço. Vestido a rigor, foi hora de prosseguir viagem, mas foi chuva de pouca dura. O percurso seguinte não desiludiu. Entre Gacko e Višegrad a viagem é feita alternando entre tuneis e a estrada ao lado de uma albufeira. Apesar da paisagem fantástica, a quantidade de tuneis torna por vezes o percurso um pouco enfadonho, sendo no entanto compensando pela vista à chegada a Višegrad.

A travessia da fronteira é feita sem contratempos e em paralelo a uma via-férrea estreita smi-abandonada, que do lado Sérvio ainda é utilizada para passeios turísticos. Apesar de podermos entrar com o Cartão de Cidadão, o senhor simpático que estava na fronteira, pediu-me o passaporte e começou a vascular. Fez as perguntas da praxe, para onde vai e bla bla bla e no final perguntou se podia carimbar e lá me desejou boa viagem. A entrada na Servia desmistificou a ideia de um país louco, apesar de ser evidente que se trata de uma país ainda em desenvolvimento, as estradas são agradáveis e as pessoas simpáticas. Os primeiros quilómetros são feitos com a estrada sinuosa na subida da montanha, mas larga o suficiente.

A estrada até Cacak percorre alguns vales, não é uma paisagem que deslumbre, mas é um percurso bastante agradável. A Cidade apesar de pequena tem uma arquitetura agradável e é cheia de vida. A praça central no final da tarde, apesar de ser um dia de semana, estava repleta de gente e cheia de animação. A noite foi no Silver House Hostel, cama em dormitório por apenas 7,00€.

www.youtube.com/watch?v=WjhqLTcVKSo

 

SÉTIMO DIA - CACAK / SUNNY BEACH

Inicialmente tinha previsto fazer este percurso em dois
dias, com uma paragem em Sofia, contudo já no passado evitei esta cidade e à
chegada, ainda cedo, deparei-me com tanta confusão que desisti da ideia e
preferi seguir viagem e fazer a ligação toda no mesmo dia. Foram cerca de 800
km o que me obrigou a fazer muita autoestrada.

www.youtube.com/watch?v=HBwjcb80HqY

 

OITAVO, NONO E DÉCIMO DIA - SUNNY BEACH E NESSEBAR

Praticamente a meio da viagem, decidi ficar uns dias a descansar em SUNNY BEACH E NESSEBAR.

SUNNY BEACH é uma zona balnear no Mar Negro, muito apetecida pelos europeus de leste. Cheia de animação e com os preços bastante interessantes para os nossos bolsos.

NESSEBAR é uma península muito pequena que fica a uns 4 km de SUNNY BEACH. A abundância de construções
históricas fizeram com que a UNESCO a incluísse na lista do Patrimônio Mundial em 1983.

Um pequeno mas simpático hotel de 2 estrelas a cerca de 400 metros da praia, custou-me 15,00€ por dia.

 

DÉCIMO PRIMEIRO DIA - SUNNY BEACH / ESCÓPIA

A saída de SUNNY BEACH foi feita com tempo fresco e encoberto. O objetivo era fazer uma etapa longa com cerca de 700 km até Escópia - capital da Macedónia.

A primeira parte da etapa não teve grande história, feita sempre em autoestrada. Depois do almoço o percurso tornou-se mais interessante, com a saída de Sofia em direção a Blagoevgrad, os últimos quilómetros antes da fronteira foram feitos junto ao rio Struma, com a estrada a serpentear por entre a paisagem coberta de vegetação.

A chegada a Escópia foi um pouco estranha, quase me senti perdido numa rua muito movimentada que pareceria um mercado turco.

Feitas as apresentações à Cidade, foi hora de encontrar um hotel. O alojamento é um pouco caro comparativamente ao restante custo de vida, uma vez que uma refeição num restaurante de charme junto ao rio custa cerca de 10,00€

Apesar de ser uma segunda feiram, a cidade surpreende pela positiva, com uma arquitetura fantástica junto ao rio e a fervilhar de pessoas cheias de energia a passear pela praça central e nos passeios e pontes sobre o rio.

 

DÉCIMO SEGUNDO DIA - ESCÓPIA - PRIZREN (Kosovo) - SHKODER (Albania)

Hora de deixar a surpreendente Escópia rumo ao Kosovo. Com o dia quente e soalheiro, a opção foi seguir em direção a Prizren, a segunda maior cidade do país. A fronteira fica a cerca de 20km de Escópia e a sua passagem é relativamente calma, contudo os veículos têm de fazer à entrada um seguro para circular no país (no meu caso foram 10,00€), pois a carta verde internacional não é aceite.  

O Kosovo é um país muito pequeno e não ultrapassa os 150 km entre limites de fronteiras. O percurso com cerca de 70 km entre a fronteira e Prizren é muito agradável, ao fazer-se pela montanha "Shar Mountain" National Park. atravessa uma estância de esqui, que apesar de não ter neve nesta altura, estava cheia de jovens.

Chegado a Prizren foi hora de um pequeno passeio pela cidade, junto ao rio e almoçar. Na verdade não existe muito para ver, além do castelo e das pontes sobre o rio. È um pais ainda em afirmação e crescimento mas ao contrário do que estamos habituados a ver nas noticias, é bastante calmo.

Com cerca de 300 km ainda para percorrer até Shkoder na Albânia, a maior parte da viagem foi feita numa espécie
de via rápida que serpenteia pelas montanhas, em que durante horas apenas se vê rochas e postos de combustível.

Apesar do desrespeito dos Albaneses já conhecido no que respeita ao trânsito, a circulação ocorre sem
grandes receios. Depois de uma paragem para lanchar, foi a chegada a Shkoder. O seu castelo privilegia a vista sobre o magnífico lago que apesar do seu potencial é mal explorado pelas autoridades locais. É bem
frequentado e oferece uma oportunidade de descanso aprazível, com a estadia e jantar com pequeno-almoço
incluído, a custar  apenas 18 euros.

 

DÉCIMO TERCEIRO DIA - SHKODER - DRUVOVNIK

Esta foi uma etapa bastante curta com apenas 200 km, com o primeiro destino do dia a ser Podgorica - capital do Montenegro. O percurso segue em grande parte ao longo do lago Shkoder, que é também fronteira com Montenegro, com uma paisagem magnífica.

A chegada a Podgorica foi uma grande desilusão, a opção por visitar capitais de países nem sempre se verifica ser a melhor, em muitos casos o melhor de cada país está fora das capitais, o que neste caso é sem dúvida verdade. Apesar disso, fiz uma pequena visita à cidade, sem deixar de fazer uma selfie na famosa Millennium Bridge.

Após o almoço foi hora de percorrer os 160 km restantes até Druvovnik. O meu GPS indicava uma linha de fronteira na saída de Montenegro um pouco estranha, de tal forma que mesmo depois de passar os dos postos fronteiriços, nunca cheguei a perceber em que país estava. Inicialmente achei que tinha chegado à servia, depois pensava que estava na Croácia e só após alguns quilómetros e ao entrar em Trebinje, é que percebi que estava na Bósnia e Herzegovina.

Apesar disso a travessia da fronteira em montanha revelou uma paisagem magnífica, com a decida repleta de curvas e uma vista deslumbrante sobre o vale. A aproximação a Druvovnik na Croácia é feita na crista da montanha, com uma vista brutal sobre a costa do Adriático. A passagem na fronteira é singela, com um primeiro posto fronteiriço num contentor velho e o segundo apesar de recente, só tem uma via, o que congestiona muito o trânsito, visivelmente carregado de turistas.

Druvovnik é sem dúvida muito interessante do ponto de vista histórico e com um por do sol magnífico, que podemos apreciar na montanha adjacente. A subida pode ser de teleférico ou com carro. É uma cidade cara e encontrar alojamento a preço acessível é quase uma miragem. O hostel na cave de um prédio custou, em dormitório misto, 23 euros por noite.


 

 

 

 


 

 

 

 


 

 



 


 

 

 

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